terça-feira, 31 de março de 2009

CARDÁPIO EM BRAILE


Por Lei, Secretaria Municipal de Saúde garante o cardápio em braile para pessoas portadoras de deficiência visual

Faz parte da natureza humana ter o desejo de fazer as próprias escolhas. Todos têm a necessidade de tomar frente ante os problemas do dia-a-dia. Essa iniciativa gera nas pessoas o sentimento de satisfação pessoal. E não é diferente para aqueles que são portadores de deficiência visual. Segundo o IBGE, existem 16,5 milhões de brasileiros com deficiência visual, seja a cegueira ou visão subnormal, sendo que dois milhões possuem baixa visão e 160 mil são cegos.

Foi pensando na liberdade de escolha dos deficientes visuais nos estabelecimentos alimentícios, que alguns Estados e Municípios criaram uma lei obrigando bares, lanchonetes e restaurantes a ter cardápios em Braile. Em São Paulo, esse direito é regulamentado pela Lei 12.363/1997. Quem fiscaliza o cumprimento dessa lei é a Secretaria Municipal de Saúde, através do departamento de Inspeção de Alimentos. Quando alguma exigência é infringida, a empresa pode sofrer algumas penalidades, como por exemplo, multa, que pode, no município, variar de R$ 100 a R$ 500 mil.

Não existe nada melhor do que entrar em um restaurante, sentar e verificar quais são as opções de comida mais agradáveis, sem ter que pedir auxílio o tempo todo ao garçom. "Eu mesma prefiro consultar o cardápio quando vou a um restaurante em vez de pedir para alguém ler para mim", diz a especialista em editoração braile, da Fundação Dorina Nowiil, Regina Fátima de Oliveira”.

Em São Paulo já existem muitos estabelecimentos que oferecem o cardápio em Braile. No entanto, alguns ainda estão adotando o sistema. Segundo o presidente da Confederação de Esporte para Cegos, David Farias Costa, a grande conquista desse benefício está presente quando percebemos que há uma opção a mais. “Quando vou a um restaurante adaptado com o método braile, sinto que isso é avanço não só para os deficientes visuais, mas também a sociedade como um todo”, diz.

Veja abaixo a lista de alguns restaurantes de São Paulo que trabalham com o sistema de locais indicados pela Fundação Dorina Nowill, que atendem pessoas cegas e realizam impressões em braile:

The Fifties
Praça Vilaboim, 77 - Higienópolis - Tel (11) 3824-9370
Alameda Jauaperí, 1468 - Moema - Tel (11) 5531-4460
Rua Funchal, 345 - Vila Olímpia - Tel (11) 38497453
Rua Tabapuã, 1100 - Itaim Bibi - Tel (11) 31686068

Restaurante La Pasta Gialla
Morumbi Shopping - Av. Parque Petroni Junior, 1089 - Piso Lazer - Loja 30 A/BTel (11) 5189-4690
Shopping Jardim Sul - Av. Giovanni Gronchi, 5819 - 2º Piso - MezaninoTel (11) 3744-4142

Pizzaria Brás
Rua Graúna, 125 - Moema - Tel (11) 5561-1736
Rua Vupabussu, 271 - Pinheiros - Tel (11) 3037-7975
Rua Sergipe, 406 - Higienópolis - Tel (11) 3231-1554

Pizzaria 1.900
Rua Estado de Israel, 240 - Vila Clementino - Tel (11) 5575-1900
Alameda dos Nhambiquaras, 573 - Indianópolis - Tel (11) 5051-1959
Rua da Consolação, 2942 - Cerqueira Cesar - Tel (11) 3061-3126O

Bar Baro
Rua Pequetita, 179 - Vila Olímpia - Tel (11) 3842-6861

Quintal do Bráz
Rua Gandavo, 447 - Vila Mariana - Tel (11) 5082-3800

Restaurante the Collection
Aeroporto Internacional de São Paulo (Terminal 1, Asa A, piso de embarque) Guarulhos - Tel (11) 64452567

Congonhas Grill
Aeroporto de Congonhas - Zona O - Tel (11) 5532-1303

Fonte: Revista Sentidos por Claudete Oliveira

sexta-feira, 27 de março de 2009

O esporte ao alcance de TODOS

Atualmente o esporte é considerado uma atividade importantíssima para beneficiar a saúde da população, tanto na parte física, como também na reabilitação da saúde mental.

Nos últimos cinco anos, o Esporte Adaptado brasileiro vem evoluindo, mas por falta de informação e, principalmente, de condições específicas para a sua prática, muitos portadores de deficiência ainda não têm acesso a ele. No Brasil, o esporte adaptado começou a se desenvolver no ano de 1958, com a fundação de dois clubes esportivos (um no Rio e outro em São Paulo).

Está comprovado que o exercício físico auxilia a interação do indivíduo com a sociedade. Foi com esse objetivo que o professor de educação física Steven Dubner criou, em 1996, a ADD – Associação Desportiva para Deficientes. É instituição sem fins lucrativos que trabalha com pessoas portadoras de deficiências por meio da prática de esportes.

Para saber mais, o site da associação está disponível no endereço: http://www.add.org.br/.

Adriana Galvão e Kátia Izawa

quinta-feira, 26 de março de 2009

"Touchscreen" para cegos

Com a popularização dos aparelhos celulares touchscreen - cujas telas são sensíveis ao toque do dedo -, acendeu-se uma nova discussão no meio eletrônico: como adaptar essa tecnologia aos deficientes visuais?
O debate veio à tona quando um dos maiores ícones da música internacional, Steve Wonder, reivindicou aos vendedores da Consumer Electronic Show 2009 (feira internacional de eletrônicos realizada no mês de janeiro em Las Vegas) que a novidade seja acessível também a essas pessoas portadoras de necessidades especiais.Mas até que ponto esses aparelhos, de fato, seriam úteis para eles?
Para pôr fim à polêmica, o cientista americano T. V. Raman está desenvolvendo uma série de soluções visando adaptar o touchscreen aos cegos, dentre elas um programa que interpreta qualquer toque na tela como se fosse o número 5, facilitando a localização das demais "teclas".Segundo ele, o fato desses equipamentos serem capazes de reunir softwares que funcionam como bússolas e GPS é outro fator favorável à propagação desse tipo de tecnologia para os cegos.O cientista vem trabalhando ainda num programa que permite aos deficientes visuais inserir textos, números e comandos no celular.Nenhuma dessas tecnologias está acessível aos usuários, mas ele promete disponibilizá-las gratuitamente num futuro próximo.

É esperar pra ver.

Fabio Guedes

quarta-feira, 25 de março de 2009

Outra Visão

Ao ouvir o soar da campainha, em passos lentos se aproxima do portão e aos poucos vai chegando mais perto, até oferecer o convite para entrar. O corredor estreito leva até a porta principal, onde apenas a luz do sol iluminava o ambiente. O extenso corrimão que se estendia dos quartos até a cozinha, deixava claro que sua vida havia mudado. “Agora parece estar tudo um pouco mais tranqüilo, mas nem sempre foi assim”, desabafa Arlete Viries.
Devido a dificuldades financeiras, Arlete morou no bairro Itaim Paulista e trabalhava arduamente para a sua tia, que sofria de diabetes. Em troca, não tinha despesas com aluguel, contas de água e luz. Com o falecimento de sua tia, Arlete e seus três filhos se mudam para um barraco em Osasco.
Com a ajuda de amigos, hoje Arlete mora em uma casa maior e sustenta sua família por meio da pensão de seus filhos e colaborações de amigos.
Ao entrar na cozinha, o som da TV parecia ser o único naquele momento. Tentando quebrar o silêncio, Arlete Veries apresenta os seus três filhos: Wellington, de 25 anos, Ludmila, de 24 e Jefferson, de 20 anos que nos receberam com um sorriso discreto.
Os três jovens possuem uma síndrome conhecida como Amaurose Congênita de Leber. Essa síndrome é de caráter hereditário e atinge a criança nos primeiros anos de vida, debilitando os nervos dos olhos e do corpo.
Era evidente a curiosidade dos jovens, que prestavam atenção em cada gesto, em cada palavra, tentando descobrir quem eram aquelas duas jovens. Aos poucos o clima de amizade foi aumentando, e as conversas nos proporcionaram uma grande emoção. Durante toda a entrevista, Wellington permaneceu quietinho, apenas ouvindo o que se passava. Poucas palavras surgiram após alguns beliscões de sua mãe. “Muitas pessoas passam na frente a minha casa e me vêem brincando com meus filhos: puxando o cabelo e chamando a atenção. Fico intrigada com o que eles estão pensando sobre mim, na verdade as aparências enganam. Muitas delas não imaginam o eles podem fazer: falar inglês (básico), andar de bicicleta, conversar...”.


Ao observar melhor o ambiente estranhamos uma pilha de cadernos encostada próximo à porta. Não foi preciso dizer nada. “Eles também desenham”, diz a mãe, ao ver o nosso olhar.
Sem mesmo nunca ter visto a fisionomia de uma mulher e de um elefante, Jefferson conseguiu desenhá-los, provando que a visão está além dos nossos olhos.



(Continua)


Katia Izawa e Adriana Galvão

DEFICIÊNCIAS

"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.
"Louco" é quem não procura ser feliz com o que possui.
"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.
"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.
"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
"Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.
"Diabético" é quem não consegue ser doce.
"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer.
E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:
"Miseráveis" são todos que não conseguem falar com Deus.
"A amizade é um amor que nunca morre."
Mario Quintana.

Bem Vindos

Esse blog faz parte do trabalho proposto pelo professor de Webjornalismo, Mauricio Stycer e terá como tema os deficientes visuais. Teremos publicações de entrevistas com portadores de deficiência visual. O objetivo das entrevistas é conhecer mais o cotidiano dessas pessoas, as atividades que desenvolvem no dia-a-dia, suas percepções de mundo e adaptações na sociedade.A maioria dos blogs relacionados ao assunto fala diretamente sobre o preconceito, o que não é nosso foco. Desejamos retratar as experiências vividas por essas pessoas. A partir do recorte dessas experiências, iremos manter o leitor informado sobre os serviços, tecnologias e entretenimentos voltados para os deficientes visuais. A intenção do blog é quebrar o preconceito sem a necessidade de abordá-lo diretamente.

Kátia e Adriana