quarta-feira, 29 de abril de 2009

Alunos cegos ainda enfrentam dificuldades nas escolas pela falta de material adaptado

Apesar de considerar que o sistema braille já está universalizado no país, Regina Caldeira, da Comissão Brasileira do Braille e da Comissão Latino-Americana para Difusão do Braille, alerta que a aceitação obrigatória de crianças cegas nas escolas não é suficiente. Para ela, é preciso que o deficiente visual seja tratado dentro das mesmas condições que o aluno que enxerga – com livros transcritos, equipamentos adaptados e professores devidamente orientados. Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, Regina lembrou o bicentenário de aniversário de Louis Braille, criador do sistema.
Quase 200 anos após o surgimento do braille, ela avaliou que o mercado brasileiro de publicações parece não estar preparado para atender a demanda de livros transcritos.O caminho a ser percorrido pelas editoras, segundo Regina, é longo. Ela mesma considera a transcrição de livros para o braille uma tarefa difícil – além dos caracteres, é preciso trabalhar todas as vantagens disponíveis na leitura e na escrita visual, que incluem ilustrações, gráficos, mapas e simbologias.“É um pouco mais demorado que a produção de livros comuns. Isso faz com que nem sempre a criança cega que está na escola tenha o livro a tempo como as crianças que enxergam. Se não houver tudo isso, de nada adianta ela estar na escola”, afirmou.
Questionada sobre as tecnologias à disposição do sistema braille, ela avaliou que o avanço tecnológivo existe, apesar de não chegar a todos. Atualmente, os livros são produzidos por meio de impressoras automatizadas capazes de reduzir o tempo gasto na produção da publicação.Em relação a facilidades como a utilização de programas de computadores desenvolvidos para pessoas cegas, Regina destacou que os instrumentos servem apenas para auxiliar ou complementar a educação, mas que não devem substituir os livros transcritos – da mesma forma como não o fazem no caso de pessoas que enxergam.“Ao utilizar o computador, a pessoa cega vai simplesmente ouvir e, portanto, o braille continua sendo indispensável. Ele permite esse contato com a escrita e com a leitura, que contribui para a formação intelectual de qualquer ser humano”, disse.
Regina, como deficiente visual, atesta que o aprendizado do braille não é difícil e que, até 1825, quando Louis Braille apresentou a primeira versão do sistema, várias outras tentativas já haviam sido feitas. Por meio do braille, a pessoa cega consegue reconhecer o caractere tocando-o apenas uma vez – baseada na combinação de seis pontos que permitem a composição de todas as letras do alfabeto, de números, de sinais de pontuação e de acentuação gráfica.“Passados mais de 180 anos, o braille continua atendendo plenamente as necessidades de escrita e leitura das pessoas cegas”, afirmou
Desde o dia 4 de janeiro deste ano – aniversário de nascimento de Louis Braille – esta sendo vendido nas agências dos Correios um selo comemorativo do bicentenário do criador do sistema. No Congresso Nacional, um projeto que tramita no Senado prevê a criação do Dia Nacional do Braille, a ser comemorado em 8 de abril. Há planos ainda para que seja realizada uma semana nacional em comemoração à data, marcada para o mês de agosto, com o objetivo de instruir professores, pais e alunos.
Rafael Nathan

Empresa desenvolve caneta para deficientes visuais

A caneta especial para deficientes visuais que pretende facilitar a escrita em braille por crianças e adultos. “É um produto útil, mas que ainda não existe no mercado”, explica a bióloga Aline Piccoli Otalara, coordenadora da TECE (Tecnologia e Ciência Educacional).
O equipamento pode substituir o uso da reglete, que é uma prancheta e uma régua, acompanhadas de um punção utilizado para a escrita do código braille na folha de papel. Os primeiros modelos chegaram ao Brasil na década de 40 e sofreram poucas modificações. “Precisamos melhorar o design da caneta e arrumar um parceiro para produção em escala industrial”, diz Aline.
Segundo ela, o produto será importante para a inserção social de crianças em idade escolar e de adultos que perderam a visão. Atualmente, o uso da reglete obriga que a escrita seja feita no sentido inverso, ou seja, da direita para a esquerda, e o código escrito ao contrário, como se estivesse em frente a um espelho. O equipamento desenvolvido oferece a possibilidade de escrever da esquerda para a direita e com o código da maneira correta, facilitando a leitura simultânea.Para desenvolver o modelo, a empresa fez pesquisas com profissionais e entidades especializadas no atendimento aos deficientes visuais.
Entre os principais consultores, destacam-se o ex-professor da Unesp Manuel Costa Carnahyba, doutor em Educação, e que possui deficiência visual desde os quatro anos de idade, e a professora Deisy Piedade Munhoz Lopes, do departamento de Física da Unesp.A intenção é que a resina e o acrílico utilizados na confecção dos protótipos sejam trocados por material de custo baixo e mais confortável aos deficientes visuais. “Nossa preocupação foi a de fazer um produto que atendesse perfeitamente às necessidades do usuário”, explica Aline. “Esperamos que o equipamento chegue ao mercado pela metade do preço de uma reglete tradicional”.
Rafael Nathan

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Audiogame diverte pessoas com e sem problemas visuais

Com o objetivo de desenvolver um game que agradasse tanto a cegos quanto a pessoas sem problemas de visão, uma equipe de cientistas do Gambit Game Lab – estúdio ligado ao Massachusetts Institute of Technology – criou o AudiOdissey.

O game, que pode ser jogado utilizando as setas do PC ou por meio de um controle remoto que reconhece os movimentos, como o do Nintendo Wii, simula uma discoteca em que o DJ precisa estimular o público a dançar no ritmo de sua batida.


Na primeira parte do jogo, o DJ iniciante aprende a dominar os procedimentos básicos da sua profissão. Já na segunda e última fase, o jogador pode gastar a sua criatividade com uma gama muito maior de comandos.

Ainda em fase de protótipo, as próximas versões do game deverão ter um maior número de telas e oferecer mais opções aos jogadores.

Para jogar o AudiOdyssey basta fazer o download grátis no site http://gambit.mit.edu/loadgame/audiodyssey.php. Se quiser usar o Wiimote, o PC deverá ter uma placa Bluetooth.

domingo, 26 de abril de 2009

GRUPO DE AMIGOS DEFICIENTES VISUAIS CRIAM RÁDIO ONLINE


Uma rádio online criada por um grupo de cegos em Santa Catarina vem fazendo sucesso entre os internautas e recebendo bastante acesso.

Tudo começou em 2005, quando quatro amigos cegos, o jornalista Jean Schutz, 25 anos, o músico Reinaldo Tunes, 50, o bacharel em direito William Aparecido Silva, 29, e o funcionário público Jairo da Silva, tiveram a idéia de criar uma rádio na Internet. Como todos são apaixonados por música e já se reuniam com frequência para desenvolver esse projeto, em 2007 compraram um espaço virtual e lançaram a “Rádio Legal” www.radiolegal.org.

A programação da Rádio Legal é pré-gravada e atualizada semanalmente com aproximadamente 240 minutos de duração. A luta para possuir uma emissora se iniciou na internet por ser mais rápido e sem burocracia. Apesar de terem poucos equipamentos, os integrantes da rádio trabalham em casa e se reúnem para editar o material.

Os criadores da rádio querem transmitir ao público conteúdo jornalístico, musical e cultural e o retorno está sendo bastante positivo, devido aos elogios que vem recebendo do público. Tanto os elogios como as sugestões são sempre bem vindas, pois bucam melhorar a aperfeiçoar o trabalho que está sendo desenvolvido.

Schutz cuida da parte mais voltada ao jornalismo e William, Jairo e Reinaldo fazem as atualizações e programações musicais e culturais. “Queremos desmistificar essa história de que somos cegos e por isso, incapacitados”, afirmam. “Nossa cabeça funciona e conseguimos fazer muitas coisas”.


Essa é a maior prova de que o esforço e o talento para a concretização de um trabalho superam obstáculos, transformando um projeto em realidade.

sábado, 25 de abril de 2009

O trabalho dos cães guia é reconhecido pelos usuários

Além de ser uma proteção, o cão-guia se torna um amigo. É o caso de Regina, médica especializada em terapia intensiva que perdeu a visão aos 30 anos por causa de um glaucoma congênito. Dez anos depois de perder a visão, Regina ganhou um guia: Merlin, um labrador de apenas um ano que mudou totalmente o seu cotidiano.

“Merlin me deu desembaraço e autoconfiança. Mesmo que eu tenha que ir a lugares desconhecidos, sinto-me apoiada, jamais estou só.”, explica a médica.

Mas todo o processo para o desenvolvimento de um cão-guia não é tão simples como parece. Se divide em três fases: socialização, treinamento e instrução. Um filhote de cão-guia requer cerca de doze a dezoito meses de desenvolvimento em uma casa de criação, antes que esteja pronto para ir às escolas de cães-guia para o seu trabalho de treinamento formal. Nessa fase, o treinamento com os instrutores se inicia, durando aproximadamente de três a cinco meses.

Hoje em dia as raças mais usadas são: Labrador, Golden Retriever e Pastor Alemão.

Para o cego que não se adapta ao uso de bengala, o cão guia oferece uma grande ajuda, principalmente na hora de atravessar a rua. A união entre o cão guia e o seu dono é um fator que estimula o carinho e confiança, transmitindo ao deficiente visual um retorno psicológico positivo. É importante lembrar que nem todas as pessoas se adaptam a um cão-guia, por isso a necessidade dos candidatos é um requisito que deve ser estudado cuidadosamente.

Muitos treinadores fazem cursos específicos em países como os Estados Unidos, Inglaterra e Argentina para poder aperfeiçoar cada vez mais os treinos de modo a adaptá-los às condições de vida do cego no Brasil.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

CÃO-GUIA


O cão-guia é considerado um grande facilitador para o dia-a-dia dos deficientes visuais. No Brasil, são poucas as organizações que trabalham com projetos voltados à utilização do cão guia. O IRIS é uma delas.

A entidade estabelece parceria com a instituição norte americana Leader Dogs e pretende implantar em São Paulo uma escola de treinamento para cães guia. O que está faltando no momento é o apoio público e privado.

São apenas três centros de treinamento para cães: o Integra (Brasília), o Helen Keller (Florianópolis) e o Íris (São Paulo). Infelizmente não existem animais treinados suficientes para atender a demanda. Atualmente o Brasil tem cerca de 50 cães guia. Para se ter uma idéia, em São Paulo a lista de espera é de duas mil pessoas, enquanto que são atendidas apenas oito por ano, em média.

Deficiente visual desde pequena e presidente do IRIS, Thays Martinez ficou conhecida no ano de 2000 quando foi impedida de entrar na estação Marechal Deodoro do Metrô acompanhada do seu cão guia, Bóris. Após entrar com uma ação judicial contra o metrô, Thays fez a sua defesa e enquanto o processo tramitava, conseguiu a aprovação de duas outras leis, uma estadual 10.784 de 2001 e outra federal, a 11.126 de 2005, que garante o acesso de cães-guia em locais públicos.

Em 2008 a Lei 12.907 modificou a lei estadual, deixando claro que o acesso é permitido somente aos deficientes visuais conduzidos por cães guias. Via de regra, o transporte de animais no Metrô é proibido.

A percepção e inteligência dos animais surpreendem a todos. Thays conta que em uma das primeiras experiências com seu cão guia em Nova Iorque, saiu de casa e esqueceu de pegar o endereço da casa em que estava hospedada. Mesmo assim, o labrador lembrou-se do caminho na volta.

Para saber mais, o site do instituto: www.iris.org.br

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Fundação Bradesco oferece cursos de informática para deficientes visuais.

Promover a autonomia pessoal e oferecer aos deficientes visuais a oportunidade de capacitação para o mercado de trabalho. Esse é um dos principais objetivos do curso de informática para cegos da Fundação Bradesco

O curso surgiu em setembro de 1988 em Osasco (SP), após o lançamento do software Virtual Vision, sistema que permite aos deficientes visuais realizarem transações sozinhos no Bradesco Internet Banking .

A fundação Bradesco disponibiliza o curso gratuitamente em 32 unidades escolares e 38 entidades parceiras localizadas em vários estados.


Estrutura do curso

- Capacitar a pessoa portadora de deficiência visual a tornar-se um usuário do computador, em ambiente gráfico Windows, a partir de um programa leitor de tela, e fazer uso da Internet;

- Proporcionar ao deficiente visual melhor integração social e profissional.


Metodologia

O curso é ministrado a partir de aulas teórico-práticas, permitindo o contato do aluno com o computador.


Pré-requisitos:


- Ter idade mínima de 12 anos e ser alfabetizado.



Carga horária e conteúdo desenvolvido


- Introdução à Informática (Virtual Vision/Windows/Internet) : 48 horas

- Word: 40 horas

- Excel:40 horas


Contatos para Convênio de Educação Profissional: Rua Mário Milani, s/nº - Vila Yara Osasco, SP 06029-900 Tel.: (11) 3684-2357 / (11) 3684-3313Fax.: (11) 3684-4973 fict@fundacaobradesco.org.br

segunda-feira, 13 de abril de 2009

ATRIZ CEGA NA VIDA REAL E NA FICÇÃO


Pela primeira vez na televisão temos uma novela em que a atriz é cega na vida real e faz o papel de cega na ficação. A novela "Caras & Bocas", que começou a ser exibida hoje às 19:15 conta com uma a atriz Danieli Haloten, de 28 anos, cega desde os 17 devido ao glaucoma. Ela é de curitiba e se formou em jornalismo e artes cênicas.

O autor da novela, Walcir Carrasco, revela que criou a personagem antes de receber o e-mail de Danieli. Ao ver os seus trabalhos, gostou e a chamou para um teste. Foi assim que tudo começou.
A atriz faz o papel da irmã de Malvino Salvador, que entra como protagonista junto à Flávia Alessandra. Na novela, ela é cega desde os 10 anos de idade e quer ajudar nas despesas de sua casa. Então decide vender flores na porta de um restaurante, onde conhece o jovem Anselmo (Wagner Santisteban), que será o amor de sua vida.

Não é a primeira vez que Danieli faz um trabalho na TV, o que mostra a dedicação da jovem com sua área de trabalho. Ela já teve um programa de apresentadora na Band Regional de Curitiba.
O seu labrador, Higgans, companheiro fiel e inseparável a acompanha há quatro anos.

domingo, 12 de abril de 2009

Imagine

Tente acompanhar a história de um filme ou um episódio de novela de olhos fechados. É fácil de imaginar cada cena a partir das falas dos autores. Mas é só aparecer um silêncio, para que o quadro em sua mente seja interrompido.

Ao abrir os olhos está experiência terá acabado. Todavia, não é momentânea para os 16,6 milhões de brasileiros com deficiência visual.


A Audio-descriação (descrição das cenas) torna acessível o cinema para os deficientes visuais.
"É uma ação muito simples, mas de uma importância social muito grande. Muita gente deixa de ir ao cinema, ao teatro, porque acha que não vai compreender e, o pior, que vai atrapalhar as outras pessoas. O que não acontece com a áudio-descrição, oferecida apenas para quem necessita", explica o professor Francisco Lima, coordenador do Centro de Estudos Inclusivos da UFPE.
O curta-metragem Cão Guia, de 1999, Gustavo Acioli, foi um dos primeiros a disponibilizar a áudio-descrição no Brasil. "Um dos personagens do vídeo é uma mulher cega. Então, fizemos laboratório no Instituto Benjamim Constant. Quando o filme terminou, foi exibido em vários festivais, inclusive o de Munique, que era temático", conta a produtora Lara Pozzobom.

Para ver este e outros filmes acesse: http://www.blindtube.com.br/, e descubra a importância do Audio-descrição.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

MAPAS TÁTEIS NAS ESTAÇÕES DE METRÔ

Quando estamos no metrô ou em algum ponto de ônibus nos sentimos mais aliviados ao sabermos que existe um mapa por perto. Ter noção de quais são as ruas mais próximas e orientar-se com as indicações dos mapas da cidade é imprescindível para todos os cidadãos.

Foi com a intenção de que essa facilidade seja alcançada por todos, que o Departamento de Arquitetura do Complexo Educacional Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU – elaborou um projeto de mapas táteis voltados aos Deficientes Visuais. O lançamento do primeiro mapa foi feito nesta quarta-feira - dia 08 de abril - na sede da Fundação Dorina Nowill. Ele mostra a localização da entidade.

Agora os Deficientes Visuais que vivem em São Paulo ou que visitam a cidade poderão ter à sua disposição mapas instalados nas estações de metrô da cidade. A primeira estação que recebeu o mapa foi a de Santa Cecília. Está previsto que a próxima seja a estação Santa Cruz. As duas experiências no metrô de São Paulo servirão como teste. Ainda não existe um cronograma de quando todas as estações terão o mapa. De início, serão voluntários de organizações não-governamentais que orientação os usuários.

Segundo a Coordenadora do Curso de Arquitetura da FMU, Paula Katakura, tudo começou com um pequeno protótipo realizado há alguns anos, instalado na Fundação Dorina Nowill. O mapa reproduz em alto relevo o urbanismo da região, indicando as principais ruas e pontos de referência.

O diretor presidente da Fundação Dorina Nowill, Alfredo Weiszflog, explicou que a idéia é expandir o projeto para outras áreas além do metrô, convencendo outros poderes públicos para que apliquem em outros locais também. Segundo ele, o mapa não é voltado somente aos deficientes visuais. Ele possui sinalizações de fácil entendimento e trechos em destaque que podem ajudar, por exemplo, pessoas idosas que possuem dificuldades para enxergar algumas letras. “Um projeto inclusivo pode servir para toda a população”, observou.

O Segredo de Arlete (2ª parte - final)

Mesmo sabendo que não existem perspectivas de cura para os seus filhos, Arlete procura se manter atualizada sobre todos os procedimentos necessários ao tratamento, na tentativa de tornar o dia a dia deles mais saudável. “Antigamente tinha uma fisioterapeuta que vinha em casa, mas na ausência de um especialista eu faço o que posso”, afirma. “Eles andam de triciclos, se exercitam, e cada um tem suas pecinhas de montar para auxiliar na coordenação”.

Além disso, explica ela, todas as terças-feiras os jovens freqüentam a Escola Eloísa Assumpção, em Osasco, que tem como objetivo desenvolver atividades para integrar os deficientes à sociedade. Apesar de ver progressos no tratamento de seus filhos, a dona de casa percebe que os professores têm dificuldades para lidar com eles. “O fato de possuírem duas deficiências – motora e visual – os impede de realizar algumas atividades na quadra e na piscina”, afirma, acrescentando ainda que outros locais não os aceitam por já terem idades avançadas.

Mas se na escola os irmãos têm problemas para executar as tarefas desempenhadas pelos outros colegas, dentro de casa o potencial deles pode ser notado com mais clareza.

Ao observarmos melhor o ambiente, encontramos uma pilha de cadernos encostada próxima à porta. “Sim, eles desenham”, afirma Arlete, ao perceber a nossa surpresa.

Os pequenos rabiscos que seguem pelas páginas dão a impressão de tomarem formatos reais, mostrando o poder de imaginação dos jovens, ao tentar reproduzir o mundo invisível aos seus olhos.

Mesmo sem nunca ter visto um elefante, por exemplo, Jefferson conseguiu desenhar o animal. “Quando eu falo o que eles são capazes de fazer ninguém acredita”, conta Arlete. Orgulhosa, ela afirma que até mesmo os professores ficaram impressionados com a capacidade dos filhos, em uma visita que fizeram à sua casa recentemente.

Além de funcionar como uma eficaz terapia alternativa, os desenhos para eles são como uma grande brincadeira. “O dog black é meu, o dow white é da Ludmila e o dog cat é do Wellington”, diz Jefferson, já mais à vontade com a nossa presença.

Convivência amorosa

Em todos os momentos de nossa conversa, Arlete está rodeada pelos filhos. Como acontece na maioria das famílias, o caçula parece ser o mais paparicado pela mãe. “Não vendo, não troco, não dou”, diz ela, ao mesmo tempo em que lhe dá um abraço apertado.

Ela lamenta que cada vez mais as mães estejam deixando de dar atenção aos filhos, preocupadas somente com as atribulações do dia a dia e as dificuldades da vida conjugal. “Elas até ajudam a trocar de roupa, alimentam, dão assistência, mas a gente percebe que falta alguma coisa”, diz. “Eu sempre digo que é difícil, mas não impossível”.

Arlete conta ainda que costuma realizar todas as tarefas de casa sozinha, enquanto "as crianças" estão dormindo, sobrando-lhe pouco tempo para o seu próprio descanso.

Após passar por inúmeros percalços nessa longa caminhada, a dona de casa não se importa em abdicar de sua própria vida para zelar pelos filhos, e revela o segredo que a leva a estar sempre de bem com a vida. “Todos os dias eu acordo cedo, troco eles (sic), dou café, levo pra passear, dou medicação, converso, e com isso me sinto realizada”.

Adriana Póvoa
Fábio Guedes
Kátia Izawa

quarta-feira, 8 de abril de 2009

O segredo de Arlete (1ª parte)

Ao ouvir o soar da campainha, em passos lentos se aproxima do portão e aos poucos vai chegando mais perto, até oferecer o convite para entrar. O corredor estreito leva até a porta principal, onde a luz do sol ilumina o ambiente. "Agora parece estar tudo um pouco mais tranqüilo, mas nem sempre foi assim", desabafa Arlete Viries.

Mãe de três filhos com deficiência visual, ela foi abandonada pelo marido quando o caçula tinha apenas 8 anos. “Mesmo morando conosco ele sempre foi um pai ausente”, lamenta.

A partida do marido, porém, acabou deixando seqüelas na vida da dona de casa. Com dificuldades para sustentar a família sozinha, Arlete e seus filhos viram-se obrigados a deixar o local onde moravam de aluguel, em Osasco, para viver na casa de parentes, no bairro do Itaim Paulista.

Para compensar despesas com aluguel, água e luz, a dona de casa passou a trabalhar arduamente como empregada doméstica, além de cuidar da contabilidade das oito casas que compunham o cortiço administrado pela sua tia Maria.

Em sua nova condição de vida, Arlete conta que tinha de se desdobrar para cumprir uma série de obrigações, que envolviam a necessidade de deixar a casa em ordem, mergulhar diariamente na infinidade de números e contas gerados pelos inquilinos e ainda sair à caça de escolas públicas capazes de atender aos seus filhos, portadores de necessidades especiais.

Foram sete anos vivendo nessa atribulada rotina, até que o destino voltasse a mexer os seus pauzinhos, fazendo-a novamente perder o rumo. “Após sofrer de diabetes por muitos anos, minha tia faleceu e fiquei sem ter onde morar”, relata.

Mas antes que o desespero fosse capaz de abatê-la, Arlete virou o jogo. Com a ajuda de amigos e a pensão que acabara de conquistar em função da deficiência de seus filhos, a dona de casa logo espantou o pesadelo que ameaçava tomar conta de sua vida – e ainda conseguiu realizar dois de seus maiores sonhos: voltar para Osasco e morar numa casa maior, adaptada para os seus filhos.

Sentada na espaçosa sala da sua atual moradia, com corrimões espalhados por todos os cantos, Arlete nos apresenta os três jovens: Wellington, 25 anos; Ludmila, 24; e Jefferson, 20. Curiosos, eles não desviam a atenção de nós em nenhum momento, ansiosos para descobrir quem havia acabado de chegar. “Ô Kátia, quem está aí? É a Adriana? Da rapaziada”, brinca Ludmila, a mais extrovertida entre os três irmãos. Apesar de ter dificuldades na fala, ela adora cantar e ouvir música. “Sou uma ‘pop star’”, diz, convicta.

Já os outros dois irmãos, mais tímidos, esboçam reação apenas quando a mãe lhes cutuca, na expectativa de que falem alguma coisa. “Responde Wellington, responde”, tenta Arlete, sem obter êxito.

Com características tão diferentes, eles possuem em comum o fato de sofrer de uma síndrome conhecida como Amaurose Congênita de Leber, disfunção de caráter hereditário que atinge uma em cada 100 mil pessoas no mundo todo, e se desenvolve nos primeiros anos de vida, debilitando os nervos dos olhos e do corpo.

(Confira amanhã a segunda parte da matéria)

Fábio Guedes
Adriana Póvoa
Kátia Izawa

domingo, 5 de abril de 2009

Um novo jeito de fotografar

É essa a proposta da Touch Sight, câmera digital que permitirá aos deficientes visuais não apenas fotografar, mas também reconhecer as imagens e levá-las para a posteridade.

Sem tela LCD, a máquina capta as imagens por meio de uma película em braile que se retrai e expande de acordo com o ambiente a ser registrado, possibilitando ao usuário sentir a foto que acabou de produzir.

Para que o momento do clique seja ainda mais “visualizável”, é possível também gravar o som do local durante três segundos e guardá-lo junto com a “fotografia”, dentro do próprio equipamento.

Desenvolvida pelos designers Chueh Lee, Liqing Zou, Ning Xu, Saiyou Ma, Dan Hu, Fengshun Jiang e Zhenhui Sun, a Touch Sight ainda está em fase de protótipo e deverá ser fabricada pela Samsung, que vem estudando o mercado à espera do melhor momento para lançá-la.

Mesmo sem previsão para chegar aos consumidores, a câmera já conquistou o prêmio IdeaAwards na categoria Communication-Tools – Concepts, uma das premiações mais consagradas dos EUA na área de design.

Fotos: Divulgação/Samsung

sábado, 4 de abril de 2009

É OUVIR E DAR ASAS À IMAGINAÇÃO

Uma forma muito gostosa de se estudar e ouvir histórias vêm se tornando cada vez mais presente no dia-a-dia das pessoas. Ouvir assuntos como filosofia, religião, literatura enquanto caminha, faz exercícios ou então em casa, no intuito de aprender, está se tornando uma ação cada vez mais comum. Muito conhecido e difundido na Europa e nos EUA, o ÁUDIOLIVRO é uma forma de incentivo à cultura.

Para os deficientes visuais, esse serviço tem proporcionado grandes benefícios, principalmente na hora de estudar. Embora o audiolivro não seja propriamente uma novidade, somente nos últimos anos o mercado editorial brasileiro está percebendo o potencial desse segmento.

Um fator que tem papel fundamental na viabilidade dos audiolivros é a popularização do formato de áudio MP3. Por ser compatível em diversos equipamentos, ouvir um livro torna-se possível em vários lugares e situações.

O portal Universidade Falada, http://www.universidadefalada.com.br/, site dedicado exclusivamente à distribuição de audiolivros, possui áudio livros nos mais variados assuntos, como música, filosofia e medicina. O serviço pretende criar a maior audioteca on-line do Brasil e disponibilizar um acervo de livros em MP3 em todas as áreas do conhecimento. As entidades voltadas aos deficientes visuais recebem os arquivos gratuitamente. No entanto, os demais usuários devem comprar as obras, cujos preços variam entre R$ 15 e R$ 20.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Livros em braile em bibliotecas municipais




A leitura é um dos hábitos essenciais para a aprendizagem humana. É através dela que obtemos conhecimentos e raciocínio, além de enriquecer o vocabulário. Mas como ler sem ver o que está escrito no papel?

A cada dia, os deficientes visuais tem tornado a leitura como umas prática frequente, seja estudando ou até mesmo buscando informação e divertimento extracurriculares. Existem várias maneiras de realiza-las, sendo elas: o uso do computador, auxilio do leidor e a leitura em braile.

O braile é a maneira mais utilizadas, onde os deficientes decifram os códigos com os dedos. Muitas bibliotecas municipais já disponibilizam um grande acervo em braile.

Para consultar as blibliotecas do sistema municipal que possuem acervo em braile acesse:

www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/bibliotecas/catalogo_eletronico


Sugestão de leitura:


Alencar, José de. O tronco do ipê:[braille]. São Paulo: Imprensa Braille, 2002.

Almeida, Lúcia Machado de. O caso da borboleta Atíria:[braille]. São Paulo: Fundação Dorina Nowill para Cegos, 2004.

Amado, Jorge. Capitães da areia:[braille]. São Paulo: Fundação Dorina Nowill para Cegos, 2004.

Arnold, Nick. Caos químico:[braille]. São Paulo: Fundação Dorina Nowill para Cegos, 2003.

Bandeira, Pedro. Descanse em paz, meu amor...:[braille]. São Paulo: Fundação Dorina Nowill para Cegos, 2003.

Barnard, Júlio. Um guia para os remédios florais do Dr. Bach:[braille]. São Paulo: [s.n.], 1999.

Bloch, Pedro. Cara nova ou beleza pura! [braille]. Imprensa Braille, 1998.

Braga, Rubem. Os melhores contos:[braille]. (4. ed.). São Paulo: Imprensa Braille, 1998.
Camões, Luís de; Tufano, Douglas(Compilador). De Camões a Pessoa:[braille]. Imprensa Braille, 2001.

Campos, Paulo Mendes. Balé do pato e outras crônicas:[braille]. São Paulo: Fundação Dorina Nowill para Cegos, 2003.

Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da língua portuguesa:[braille]. Imprensa Braille, 2002.

Fundação Dorina Nowill para Cegos (Editor/co-editor) Brasil. Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. (Organizador). Lei n° 10.048, de 8 de novembro de 2000:[braille]. Fundação Dorina Nowill para Cegos, 2002.

Le Carré, John. O espião que saiu do frio:[braille]. São Paulo: Fundação Dorina Nowill para Cegos, 2005.

Marques, Yolanda. A mágica de aprender:[braille] : livro integrado, 1. série. Imprensa Braille, 1994.

Marques, Yolanda. A mágica de aprender:[braille] : livro integrado, 2. série. Imprensa Braille, 1994.

Marques, Yolanda. A mágica de aprender:[braille] : livro integrado, 3. série. Imprensa Braille, 1994.

Marques, Yolanda. A mágica de aprender:[braille] : livro integrado, 4. série. Imprensa Braille, 1994.

Ramos, Graciliano. Para gostar de ler, 8:[braille] : contos. São Paulo: Imprensa Braille, 2001.

Sabino, Fernando. Histórias divertidas:[braille]. São Paulo: Imprensa Braille, 2001.

Tabela periódica:[braille] : classificação periódica dos elementos. Imprensa Braille, 2002.