terça-feira, 19 de maio de 2009

IR E VIR


O direito de ir e vir são garantidos pela constituição federal e é neste intuito que o estado procura trabalhar promovendo a acessibilidade dos seus usuários ao metrô em São Paulo. Desde o começo de suas operações comerciais em 1974, ele executa ações para reduzir os obstáculos nas estações, não só na parte estrutural, mas também no treinamento dos seus funcionários. Isso gera a melhor utilização dos recursos oferecidos pelos trens.

Existem diversas campanhas educativas que orientam quanto ao uso correto do sistema, novos serviços, alteração de horários e atendimento preferencial. Cada estação tem um Supervisor Geral, que coordena as atividades e orienta os funcionários que atendem na linha de bloqueios, plataformas e bilheterias.

Os deficientes visuais estão incluídos na categoria de atendimento preferencial, podendo comprar bilhetes ou passar pelos bloqueios sem enfrentar as filhas, além de usar elevadores das estações e o assento nos trens. Esse direito é garantido pela Lei Federal 10.048/2000, 10.741/2003 e 5.296/2004.

Mas como funciona quando o deficiente visual quer alguém que o acompanhe no metrô? É preciso que esse acompanhamento seja solicitado. Esse funcionário do metrô fornece os dados do usuário ao Centro de Controle Operacional, inclusive a estação de destino. Em seguida, esse mesmo departamento supervisiona o seu trajeto e disponibiliza um empregado para atendê-lo em sua chegada. Parece simples não? Mas todo esse processo envolve muita interatividade e comunicação, tanto da parte dos funcionários como da parte do deficiente visual, que pede o serviço.

Geralmente é o integrante do programa “Jovem Cidadão” que auxilia na condução de pessoas com deficiência visual.

Mas e a estrutura? O que o metrô oferece? Algumas estações como a Sé, possuem sinalização tátil e visual indicando o local de embarque nas plataformas, bem como piso tátil entre o local de desembarque nas plataformas e os acessos, auxiliando o deslocamento com segurança dos deficientes visuais.

Os elevadores instalados nas estações têm sinalização em braile e intercomunicadores. A utilização é facultada aos usuários com deficiência ou mobilidade reduzida, idosos, gestantes convalescentes e acompanhantes. A liberação do uso desses elevadores é feita pelo próprio usuário por meio do intercomunicador.
Algumas estações já dispõem de piso tátil de alerta junto às escadas fixas, escadas rolantes, rampas e bordas das plataformas.

Além disso, o sistema de som transmite diversas mensagens e campanhas educativas que propõem a orientação sobre a segurança, novidades, serviços, acesso, precauções, etc.

Para obter o Bilhete Único Especial, a pessoa portadora de deficiência, impedida de exercer uma atividade profissional, deve dirigir-se a um dos postos credenciados pelas secretarias da Saúde do Estado ou do Município. Nesses locais, a pessoa será submetida a exame médico. De posse do laudo médico, o beneficiário deve dirigir-se, pessoalmente, à Estação Marechal Deodoro, loja 2, do Metrô ou à uma sub-prefeitura para confecção do seu Bilhete Único Especial, que é gratuito e pode ser renovado.

Acidente

Em 2006 ocorreu um acidente com um deficiente visual na estação Carandiru do metrô. E recentemente, veio a decisão judicial. O caso chegou ao ponto de a companhia do metrô ter que indenizar um deficiente visual que perdeu o equilíbrio e caiu na linha da Estação, localizada na Zona Norte da capital paulista. Ele sobreviveu, pois se atirou em direção à plataforma de embarque quando percebeu a aproximação da composição. Mas foi atingido pelo trem na perna. A empresa deve indenizá-lo em R$ 30 mil. A decisão é da 1ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo. “O que não se pode admitir é que um deficiente visual, que se socorre de bengala transite pela estação de metrô sem o acompanhamento e a proteção de um funcionário”. destacou o relator do discurso. Após depoimentos conflitantes, a decisão ficou a favor do deficiente visual, pois o tribunal entendeu que é de responsabilidade civil da Companhia Metropolitana do Metrô o auxílio ao deficiente. Casos assim deixam em evidência a importância de haver integração entre o usuário e o metrô para evitar que acidentes graves aconteçam. Fica o alerta.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

III Seminário Nacional de Esporte e Atividade Física para Cegos e Deficientes Visuais da CBDC

A Confederação Brasileira de Desportos para Cegos (CBDC) realizará nos dias 6 e 7 de junho o III Seminário Nacional de Esporte e Atividades físicas para Cegos e Deficientes Visuais. O evento acontecerá no Instituto de Cegos Padre Chico. (Rua Moreira de Godoy, 456 – Ipiranga – São Paulo / SP)

As inscrições podem ser feitas até às 18h do dia 3 de junho. É necessário preencher um formulário e enviá-lo por fax ou e-mail juntamente com o comprovante de depósito (R$ 100), referente à taxa de inscrição. As entidades que estiverem com a situação regular na CBDC (quitação do valor de anuidade) terão direito a uma vaga gratuita no Seminário. Para os estudantes há um desconto de 20%.
Realização: Confederação Brasileira de Desportos para Cegos – CBDC
Apoio: Instituto de Cegos Padre Chico

PROGRAMAÇÃO Dia 06.06 · 08h30 - Credenciamento · 09h00 - Boas Vindas CBDC e IPC / Palestra CBDC · 09h45 - Comitê Paraolimpico Brasileiro – CPB · 10h30 - Coffe Break · 10h45 - Gestão de Recursos Públicos · 11h30 - Esporte Paraolimpico Brasileiro · 12h15 - Almoço · 13h45 - Classificação Oftalmológica · 14h30 - Atletismo · 15h15 - Coffe Break · 15h30 - Natação · 16h15 - Powerlifiting · 17h00 - Educação Física Adaptada Dia 07.06 · 09h00 - Esporte na Vida da pessoa com deficiência · 09h45 - Goalball · 10h30 - Coffe Break · 10h45 - Judô · 11h30 - xadrez · 12h15 - Futebol · 13h00 - Encerramento e entrega de certificado.

terça-feira, 12 de maio de 2009

VISÃO DA ALMA

Pense numa máquina fotográfica. Agora imagine um deficiente visual tirar fotos utilizando os outros sentidos. É como enxergar com outros olhos.

Um curso gratuito de fotografia que foi oferecido pelo Centro Universitário SENAC, entre os meses de março e novembro de 2008 chamou a atenção: Supervisionados por estudantes do curso Bacharelado em Fotografia, os alunos produziram imagens feitas na Bienal de São Paulo, Mercado Municipal e locais comuns, do dia-a-dia.

"Foi uma experiência incrível. Antes de fazer o curso, pensava que era impossível o cego tirar fotos", conta o aluno João Batista Maia da Silva, 34 anos, que tem deficiência visual desde os 28. "Passamos a conhecer a máquina fotográfica, a escolher e identificar o objeto a ser fotografado. Hoje, eu posso sair à rua e fotografar com segurança um objeto ou uma paisagem. A técnica eu já sei. Basta uma descrição do que pretendo fotografar para deixar a imaginação trabalhar."

O projeto começou através da necessidade de novos conhecimentos que os usuários da biblioteca braile do Centro Universitário SENAC sentiram. A primeira turma formada foi com sete estudantes e a previsão é que haja um aumento de 30% no número de vagas este ano.

Com as fotos tiradas pelos alunos foi feita em dezembro do ano passado a exposição fotográfica Percepções do Visível: Fotografias feitas por Deficientes. O mais interessante em tudo isso é que o curso se tornou uma troca de experiências entre o educador e o aluno. O aluno projeta nas fotos a sua percepção de mundo.

A iniciativa do SENAC é um incentivo para que outras instituições adotem posições similares na inclusão do deficiente visual.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Centro Cultural Vergueiro oferece alternativas aos deficientes visuais


O Centro Cultural São Paulo, localizado próximo à estação Vergueiro do Metrô tem trabalhado com o programa Livre Acesso, cujo principal objetivo promover a inclusão de pessoas com deficiência aos diversos eventos que oferece: exposições, aulas, shows, livros, informática.

Uma das mudanças que ajudou muito foi a reestruturação da biblioteca Louis Braille, que antes estava localizada em uma área isolada e agora permanece junto à praça das bibliotecas. Após esse avanço, o piso tátil foi colocado, o que auxiliou na locomoção e na convivivência social dos deficientes visuais que passam pelo centro.

Na Biblioteca Louis Braille estão disponíveis cinco equipamentos especiais com programas que convertem em áudio o conteúdo exibido na tela. Para isso, utiliza-se o HPR, um software adaptado especialmente para o acesso a sites. Ele "lê" os links e o internauta escolhe se acompanha a opção acionando a tecla enter. O HPR só existe em algumas instituições e foi doado pela IBM. Os programas facilitam muito mas a acessibilidade não chega a todos. É o que explica o funcionário Ricardo Sigolo: "Mesmo para os programas mais sofisticados a acessibilidade é de no máximo quarenta porcento dos sites que existem na internet".

O Centro Cultural recebe apoio da Fundação Dorina Nowill e Laramara - Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual e principalmente através da parceria com a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, que forneceu por doações os equipamentos que abaixo:


Vídeo Ampliador


Lupa eletrônica que permite ampliação, regulagem de foco e controle de cor e contraste de materiais diversos. Utilizado por pessoas com baixa visão.Onde fica? Entrada da Biblioteca Sérgio Milliet, próximo ao balcão de informações. Disponível a todos os usuários.

Jaws

Software leitor de tela que auxilia na navegação lendo para o usuário as informações digitais. Pode ser utilizado juntamente com a Linha Braille ou independentemente dela. Onde fica? Computadores da Biblioteca Braille. Disponível a todos os usuários.

Linha Braille

Ferramenta instalada no computador que permite a leitura em Braille de informações digitais. Depende do Jaws para funcionar.Onde fica? Computadores da Biblioteca Braille. Disponível a todos os usuários.

Magic

Software para acesso a conteúdos digitais, que permite ampliação da tela conforme as necessidades dos usuários.Onde fica? Entrada da Biblioteca Sérgio Milliet, próximo ao balcão de informações. Disponível a todos os usuários.

Openbook

Software que converte conteúdos digitais em áudio. Onde fica? Computadores da Biblioteca Braille. Disponível a todos os usuários.

Máquinas Braille

Utilizada pelos funcionários da Biblioteca Braille para produção de material em Braille. Onde fica?
Biblioteca Braille.

Acessibility Works

Software utilizado para ampliação das informações da tela da Internet. Num monitor de 14 polegadas, uma letra pode chegar a ocupar a tela toda sem distorção. Para quem tem baixa visão.Onde fica? Em quatro dos computadores da Biblioteca Braille. Disponível para todos os usuários.

Headsets

Acessório multimídia para ser utilizado em conjunto com o HPR (leitor de conteúdo na Internet), dando mais privacidade aos usuários e evitando incomodar os demais.Onde fica? Biblioteca Braille. Disponível para todos os usuários.

Como se cadastrar na Biblioteca Louis Braille

O cadastro de usuários na Biblioteca Braille pode ser feito pessoalmente, por carta ou por e-mail. É necessário apresentação do RG, CPF e comprovante de residência com CEP, além de outros dados pessoais como: telefone para contato, e-mail, ocupação e escolaridade.

Os usuários cadastrados podem fazer empréstimos das obras na própria biblioteca ou por meio do Correio, que envia o material solicitado para qualquer cidade do Brasil.

Contatos
Telefone: (11) 3397-4088

Horário de funcionamento
Terça a sexta, das 10h às 19h; sábados e feriados, das 10h às 17h.

Endereço
Biblioteca Braille Louis Braille do Centro Cultural São Paulo
Rua Vergueiro, 1000 - Paraíso
São Paulo - SP
CEP: 01504-000



Adriana Galvão

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Alunos cegos ainda enfrentam dificuldades nas escolas pela falta de material adaptado

Apesar de considerar que o sistema braille já está universalizado no país, Regina Caldeira, da Comissão Brasileira do Braille e da Comissão Latino-Americana para Difusão do Braille, alerta que a aceitação obrigatória de crianças cegas nas escolas não é suficiente. Para ela, é preciso que o deficiente visual seja tratado dentro das mesmas condições que o aluno que enxerga – com livros transcritos, equipamentos adaptados e professores devidamente orientados. Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, Regina lembrou o bicentenário de aniversário de Louis Braille, criador do sistema.
Quase 200 anos após o surgimento do braille, ela avaliou que o mercado brasileiro de publicações parece não estar preparado para atender a demanda de livros transcritos.O caminho a ser percorrido pelas editoras, segundo Regina, é longo. Ela mesma considera a transcrição de livros para o braille uma tarefa difícil – além dos caracteres, é preciso trabalhar todas as vantagens disponíveis na leitura e na escrita visual, que incluem ilustrações, gráficos, mapas e simbologias.“É um pouco mais demorado que a produção de livros comuns. Isso faz com que nem sempre a criança cega que está na escola tenha o livro a tempo como as crianças que enxergam. Se não houver tudo isso, de nada adianta ela estar na escola”, afirmou.
Questionada sobre as tecnologias à disposição do sistema braille, ela avaliou que o avanço tecnológivo existe, apesar de não chegar a todos. Atualmente, os livros são produzidos por meio de impressoras automatizadas capazes de reduzir o tempo gasto na produção da publicação.Em relação a facilidades como a utilização de programas de computadores desenvolvidos para pessoas cegas, Regina destacou que os instrumentos servem apenas para auxiliar ou complementar a educação, mas que não devem substituir os livros transcritos – da mesma forma como não o fazem no caso de pessoas que enxergam.“Ao utilizar o computador, a pessoa cega vai simplesmente ouvir e, portanto, o braille continua sendo indispensável. Ele permite esse contato com a escrita e com a leitura, que contribui para a formação intelectual de qualquer ser humano”, disse.
Regina, como deficiente visual, atesta que o aprendizado do braille não é difícil e que, até 1825, quando Louis Braille apresentou a primeira versão do sistema, várias outras tentativas já haviam sido feitas. Por meio do braille, a pessoa cega consegue reconhecer o caractere tocando-o apenas uma vez – baseada na combinação de seis pontos que permitem a composição de todas as letras do alfabeto, de números, de sinais de pontuação e de acentuação gráfica.“Passados mais de 180 anos, o braille continua atendendo plenamente as necessidades de escrita e leitura das pessoas cegas”, afirmou
Desde o dia 4 de janeiro deste ano – aniversário de nascimento de Louis Braille – esta sendo vendido nas agências dos Correios um selo comemorativo do bicentenário do criador do sistema. No Congresso Nacional, um projeto que tramita no Senado prevê a criação do Dia Nacional do Braille, a ser comemorado em 8 de abril. Há planos ainda para que seja realizada uma semana nacional em comemoração à data, marcada para o mês de agosto, com o objetivo de instruir professores, pais e alunos.
Rafael Nathan