quarta-feira, 25 de março de 2009

Outra Visão

Ao ouvir o soar da campainha, em passos lentos se aproxima do portão e aos poucos vai chegando mais perto, até oferecer o convite para entrar. O corredor estreito leva até a porta principal, onde apenas a luz do sol iluminava o ambiente. O extenso corrimão que se estendia dos quartos até a cozinha, deixava claro que sua vida havia mudado. “Agora parece estar tudo um pouco mais tranqüilo, mas nem sempre foi assim”, desabafa Arlete Viries.
Devido a dificuldades financeiras, Arlete morou no bairro Itaim Paulista e trabalhava arduamente para a sua tia, que sofria de diabetes. Em troca, não tinha despesas com aluguel, contas de água e luz. Com o falecimento de sua tia, Arlete e seus três filhos se mudam para um barraco em Osasco.
Com a ajuda de amigos, hoje Arlete mora em uma casa maior e sustenta sua família por meio da pensão de seus filhos e colaborações de amigos.
Ao entrar na cozinha, o som da TV parecia ser o único naquele momento. Tentando quebrar o silêncio, Arlete Veries apresenta os seus três filhos: Wellington, de 25 anos, Ludmila, de 24 e Jefferson, de 20 anos que nos receberam com um sorriso discreto.
Os três jovens possuem uma síndrome conhecida como Amaurose Congênita de Leber. Essa síndrome é de caráter hereditário e atinge a criança nos primeiros anos de vida, debilitando os nervos dos olhos e do corpo.
Era evidente a curiosidade dos jovens, que prestavam atenção em cada gesto, em cada palavra, tentando descobrir quem eram aquelas duas jovens. Aos poucos o clima de amizade foi aumentando, e as conversas nos proporcionaram uma grande emoção. Durante toda a entrevista, Wellington permaneceu quietinho, apenas ouvindo o que se passava. Poucas palavras surgiram após alguns beliscões de sua mãe. “Muitas pessoas passam na frente a minha casa e me vêem brincando com meus filhos: puxando o cabelo e chamando a atenção. Fico intrigada com o que eles estão pensando sobre mim, na verdade as aparências enganam. Muitas delas não imaginam o eles podem fazer: falar inglês (básico), andar de bicicleta, conversar...”.


Ao observar melhor o ambiente estranhamos uma pilha de cadernos encostada próximo à porta. Não foi preciso dizer nada. “Eles também desenham”, diz a mãe, ao ver o nosso olhar.
Sem mesmo nunca ter visto a fisionomia de uma mulher e de um elefante, Jefferson conseguiu desenhá-los, provando que a visão está além dos nossos olhos.



(Continua)


Katia Izawa e Adriana Galvão

2 comentários:

  1. Mancada interromper a história assim no meio!
    tá interessante! heuuheuhehuehue

    Beijos e visitem nosso blog também
    http://www.modifique-se.blogspot.com

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  2. Os textos devem ser assinados apenas por quem os faz, e não coletivamente, pelo grupo. Peço arrumar isso nos posts já publicados. Sobre a história narrada aqui, que parece muito interessante, vamos conversar em aula. Obrigado

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